Toniolo
se diferencia dos demais pichadores por pichar seu próprio nome sem o uso de
símbolos ou apelidos. Ele também é conhecido como “o inventor da pichação com
hora marcada”, uma de suas PICHAÇÕES que mais repercutiu na mídia foi no último
ano do regime militar, em janeiro de 1984, quando ele anuncia na rádio Guaíba
que no dia 17 daquele mês, às cinco da tarde, ele iria pichar o Palácio
Piratini. O governador Jair Soares ao saber da notícia colocou em torno de
duzentos policiais militares fazendo a segurança do local na tentativa de
evitar o atentado. O único meio para os policiais identificarem ele era através
de uma foto 3x4, já defasada, obtida de antigos arquivos da polícia civil, onde
Toniolo trabalhou por 17 anos. No entanto, na época da foto Toniolo era
bastante cabeludo, e na ocasião ele já estava calvo, assim dificultando o
reconhecimento.
Outra
estratégia usada foi o fato que ele convocou uma entrevista coletiva em frente
ao palácio, onde todos achavam que ele primeiramente discursaria. Os policiais
já atentos em torno da coletiva, não se questionaram ao fato de um homem calvo
passear pela Igreja da Matriz que fica ao lado do palácio.
Ao
se dirigir ao palácio, alguns policiais logo foram ao seu encontro, mas antes
de falarem Toniolo os desejou “Boa tarde irmãos”. Esta saudação deixou os
policiais confusos achando que ele era um padre e nem o questionaram. E então
na hora marcada Toniolo fez o que prometeu e pichou seu nome no Palácio, porém
ele logo foi detido, faltando apenas uma letra para acabar o seu nome.
Ele
foi levado a um hospital psiquiátrico para avaliar sua saúde mental, esperto,
como já era conhecido pelos funcionários desde a época que trabalhou pelo
estado e levava doentes para avaliações, ele se adiantou dos policiais e
informou que estava trazendo dois doentes perigosos que se achavam policiais.
Logo os enfermeiros detiveram os policiais e Toniolo realizou a fuga. Este
episódio foi um tanto quanto inusitado .
Em março de 82 recebeu um convite para participar das eleições
como Deputado Estadual pelo partido de Tancredo Neves (PMDB), mas foi acusado
de ter filiação em outro partido (PTB), ficando assim fora de candidatura. Essa
acusação foi feita por aqueles não queriam que Toniolo se candidatasse, revoltado
com tal injustiça criou um partido fictício anarquista e então fez dos muros
uma forma de protesto através das pichações. E a partir de então ele começou a
pichar seu nome com o complemento “Vote Nulo” perto de eleições com a intenção
de induzir a população ao voto nulo, justificando que todos os políticos são
corruptos. Alega que só vai acabar com a função "quando os
políticos não sujarem mais a cidade".
Trabalhou como funcionário público civil, escrivão da polícia e
foi recordista nacional de participação nas seções de "cartas do
leitor" dos principais veículos do Brasil, com mais de mil mensagens
publicadas desde 1972 - os assuntos eram os mais variados, redigidos com
clareza e objetividade dignas de um colunista profissional. Criticava o sistema
na época da ditadura, respondeu inúmeros inquéritos relacionados às suas
criticas publicadas.
Esta, sem dúvida, deveria ser uma história de conhecimento geral! Muito interessante e instigante a trajetória desde ícone da sociedade gaúcha, uma vez que seus pensamentos e ideias são atualíssimos para o momento em que vivemos hoje, em 2020!
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